Comparações Precisam ser Melhoradas

As comparações entre sistemas convencionais e sistemas orgânicos de produção são ainda incompletas, por não apresentarem variáveis quantificadas que representem adequadamente cada sistema.

Apesar de se falar muito em diversidade e sustentabilidade, a maior parte dos métodos de análise não abrange conceitos fundamentais como qualidade do solo e vida microbiana, de um lado, e consequências de excessos no uso de nutrientes químicos e defensivos agrícolas, de outro. Falta ainda uma abordagem mais cuidadosa de aspectos fundamentais como efeitos (positivos ou negativos) a curto, médio e longo prazo.   E, não menos importante, uma quantificação criteriosa desses componentes e de sua conjugação em comparações bem fundamentadas.

Trata-se de assunto que, pelo sua importância e consequências práticas, merece ser tratado por etapas. Abordaremos hoje dois aspectos,  relacionados com as duas vertentes básicas que comandam a principal diferenças entre os dois sistemas: química e biologia.

No que diz respeito ao primeiro, chamam atenção as crescentes reações negativas tanto no aspecto regulatório  quanto nas reações do consumidor no que diz respeito a dois dos mais bem sucedidos produtos: defensivos (agroquímica) e plásticos (petroquímica). 

A história recente mostra que o sucesso da indústria química foi absoluto nas últimas duas décadas. A tal ponto que  o retorno total das ações de industrias químicas cotadas em Bolsa foi de nada menos que 300% de 2000 a 2015, o triplo da média do mercado no mesmo período.

Nos últimos dois anos, entretanto, as continuadas decisões judiciais contrárias ao herbicida glifosato nos Estados Unidos derrubaram o valor de mercado das ações das mesmas empresas, colocando em questão a viabilidade de manutenção do mesmo curso de ação (The Economist, 17/11/2018, pg 65). Exemplo notável desse fato: o valor de mercado da Bayer hoje, pouco mais de 1 ano após aquisição da Monsanto, é inferior ao valor que a própria Bayer pagou pela Monsanto. 

No que diz respeito à biologia, os indicadores são variados e caminham em direção oposta ao acima mencionado.  Um exemplo que mostra bem o quadro atual nessa disciplina consiste nos avanços na fixação biológica de nitrogênio através de bactérias encontradas nas leguminosas.

O nitrogênio aplicado no sistema convencional via granulados químicos é um subproduto de gás  natural, um combustível fóssil.  Pesquisas têm sido feitas em todo o mundo procurando formas de expandir a capacidade de fixação biológica de maneira que os cereais possam dispor também de nódulos que  hospedem as mencionadas bactérias fixadoras de nitrogênio. Na universidade de Wisconsin –Maddison (Estados Unidos) uma via promissora, similar àquela que une bactérias e leguminosas, pode ser encontrada em plantas de cereais e fungos. (The Economist, 23/02/2019, pg 76). Estudos e pesquisas nessa e em outras linhas de frente indicam que os ganhos em produtividade e em eficiência são muito prováveis.

Voltaremos a este assunto nos próximos posts.

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