Solo vivo

Uma forma adequada de garantir um solo vivo passa por medidas que agregam matéria orgânica e o protegem com culturas de cobertura, que mantêm a biodiversidade através de rotação e consórcio, que provêm alimentação adequada a exemplo de adubação verde.

Na cultura convencional temos hoje praticamente o inverso, a saber sistemas de produção baseados em monoculturas sobre solo desprotegido e revolvido diversas vezes com uso de arado e grade para facilitar plantio, sem uso de matéria orgânica, com nutrientes quimicamente refinados associados a herbicidas e defensivos tóxicos.

A matéria orgânica, essencial para que os micro-organismos possam ativar o solo não tem como suportar o trabalho de revolvimento constante que leva a aeramento forçado, libera

gás carbônico e na prática elimina a fonte de energia para que o solo tenha vida própria.

 

Por que chegamos a esse ponto? A explicação é simples: a solução dos adubos químicos, de alta solubilidade e absorção pelas culturas, simplificou e barateou todo o sistema de produção agrícola, trazendo para o produtor os nutrientes necessários a preço baixo, em volumes razoáveis e de fácil transporte. Consequentemente, viabilizou o uso da terra de forma mais eficaz, sem os longos períodos de pousio e descanso, para recuperação do solo.

 

Como resultado desse conjunto de fatores, a mesma quantidade de terra passou a produzir alimentos mais abundantes e baratos, garantindo a alimentação de população cada vez maior.

Nas últimas décadas, todavia, os custos submersos da solução química começaram a surgir. São os efeitos dos nutrientes e defensivos químicos tanto na questão de riscos crescentes de saúde individual e do meio ambiente, combinados à necessidade de produtos cada vez mais poderosos – e portanto tóxicos – no controle de plantas invasoras, pragas e doenças que se adaptam e mostram renovada resistência .

O momento atual mostra o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis nos quais o solo volta a ter preponderância, mas isto ainda a custos muito altos. Mesmo assim, a força do mercado tem sido suficiente para garantir aumentos de produção e consumo de orgânicos muito acima da média dos alimentos convencionais.

O futuro dirá se o setor produtivo terá condição e interesse em se ajustar a sistemas de produção gradativamente mais sustentáveis, como resposta à demanda dos mercados em todo o planeta e à constatação de riscos crescentes no uso de insumos químicos cujos efeitos só agora passam a ser mais bem dimensionados.

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