O sistema convencional (atual) de cultura de grãos, herdado diretamente da chamada “revolução verde“ teve a notável vantagem de auxiliar na produção de alimentos, que não só acompanhou a rápida evolução da população nas últimas décadas mas obteve ganhos de produtividade que conduziram os alimentos a níveis de preços relativamente confortáveis.
Todavia, o referido sistema mostra, hoje, a exemplo de diversas outras áreas e disciplinas, custos que só foram evidenciados com o tempo e cujo conhecimento ainda é relativamente pouco divulgado.
De um lado, o sistema difundiu calagem corretiva e aração profunda que desagregam o solo de forma competente e de difícil recomposição, sendo a matéria orgânica sua principal vítima. De outro, faz uso extensivo de adubação nitrogenada de rápida solubilização. No caso de solos tropicais, profundos e pobres o efeito desses dois fatores é ainda mais sério do que nos temperados.
A dificuldade mais visível e mensurável dos nutrientes químicos consiste na perda por lixiviação e por volatilização de pelo menos metade do N utilizado. Os resultados são sentidos no bolso do agricultor, nos efeitos ambientais negativos e na acidificação do solo.
A consequência negativa que tem recebido mais atenção recentemente consiste na eutrofização, nome complicado para o processo de poluição de aquíferos, e que acaba tomando conta de lagos e mesmo rios. Resulta de níveis baixíssimos de oxigênio, levando à morte de espécies animais e vegetais.
Outro resultado que se tem revelado cada vez mais presente com o passar dos anos consiste na redução do nitrogênio do solo causada precisamente pela aplicação do nitrogênio sintético, criando um dilema para a produção sustentada de cereais.
Tal consequência é consistente com a perda de carbono no solo constatada nos campos experimentais de Morrow Plots, nos Estados Unidos, submetidos ao tratamento convencional de Nitrogênio sintético durante mais de meio século. A perda de nitrogênio orgânico no solo e de sua eficiência agronômica, resultantes do uso continuado do uso de nutrientes sintéticos têm levado à estagnação ou mesmo redução de produtividade de cereais.
Em ambos os casos, a sustentabilidade a longo termo do negócio agrícola está recomendando uma gradual transição do intenso uso de nitrogênio de alta solubilidade para o uso de fontes menos agressivas.